Author(s): Aretha Lecir Rodrigues dos Santos, Isadora Münch Scavone & João Paulo Schwerz
O Cais Estelita assumiu recentemente grande protagonismo na discussão do papel contemporâneo do patrimônio cultural, ao ser o centro de uma disputa não somente sobre sua preservação material, mas também – e principalmente – sobre seu potencial público e de influência na paisagem da cidade. Seu legado está relacionado à um dos ciclos econômicos mais importantes da história do país, que conformou, ao longo de gerações, um apelo identitário tanto da cidade do Recife, quanto do estado de Pernambuco. O local, tem origem na extinta Rede Ferroviária Federal e foi importante núcleo de formação do que conhecemos hoje por cidade de Recife e pela própria estrutura logística brasileira. A área possui cerca de dez hectares e mantém diversos elementos que participavam nos serviços prestados no pátio ferroviário, atualmente desativado e em processo de degradação avançado por conta de sua subutilização. O Cais Estelita assume características de ressonância segundo definição de Gonçalves (2005), uma vez que demonstra grande poder de mobilização popular ao invocar subjetivamente suas “forças culturais e seu dinamismo”. Recife como resultado de uma diversidade de processos históricos e atuais, que emergem mais recentemente, manifesta no sítio escolhido referência identitária ressignificada ao ser constituído a partir de marcos históricos, e contrastes marcados com “novas” arquiteturas. A defesa da área como um forte patrimônio cultural da cidade, atualmente subutilizado, reforça o caráter diverso e complexo de valores locais e ao reconhecer tais condicionantes e potencialidades, concentra-se com a resolução de demandas atuais a partir do caráter identitário – por isso público – da área.
Volume Editors
ISBN
978-1-944214-31-9